Saturday, November 1, 2008

A reacção à exclusão


Há alguns dias recebemos a informação via conversa informal de DJ Beat Keepa e mais veio a confirmação via correio electrónico atravês e um comunicado(texto) intitulado o "ultimo suspiro", que dá conta que o grupo de produção musical Track Records não mais estão interessados em desenvolver( pelo menos com a mesma motivação até aquela data) musica. A notícia foi "derramada" via net e depois levada pelos membros da Track Records a alguns canais de TV de audiencia especial. Sendo assim colocamos a vossa disposição o texto original enviado a nossa redacção pela Track records neste caso assinada por DJ Beat Keepa.


O ultimo Suspiro!!!!

Senhores, depois de interminadas reuniões com o meu grupo de trabalho (Track Records) na tentativa de desenhar o plano estratégico para 2009 a ser implementado apartir de Novembro de 2008 chegamos a uma triste conclusão. Estamos na eminência de fechar as nossas portas e terminar com este projecto que ao nosso ver é muito bonito pois alem de a produtora Track Records ser um grupo composto por jovens músicos que inicíam as sua carreiras e dão os seus primeiros passos, ela tem como objectivo principal transmitir uma mensagem de construção nacional aos jovens, moralizándo-os, procurando salientar o positivo da vida na prespectiva de termos no futuro uma juventude académica responsável e munida de conhecimentos, ferramenta indispensável para a construção de uma nação. Temos trabalhado nisso d eforma bastante artistica, provas evidentes são os temas que fazem parte do nosso reportório tais como:

· au Sukê (do grupo Trio Fam e a nossa eterna Zaida Chongo que procurava falar da pobreza como uma realidade mas não obstáculo para a nossa luta),
· Dia Feliz ( do grupo Elex no qual tentamos mostrar aos jovens que não é o dinheiro no bolso que nos faz feliz porque mesmo o pobre vive sorrindo),
· Se Deus Fosse uma Mulher (do grupo Trio Fam no qual valorizamos a mulher e condenamos hábitos de violência contra ela),
· Fazer Amor ( Do grupo Trio Fam e Anselmo Ralph, na qual tentamos convencer a juventude que o amor não é feito só de sexo e dentro da abstinência tambem se pode fezer amor na tentativa de combater a doença do século).
· Vou bazar (do grupo Elex e o Nelson Nhachungue que tenta moralizar os jovens que viajam em cumprimento de alguma missão, seja ela estudos, para trabalho nas minas ou para a tropa)

Para alem de tantos outros estes temas que foram e continuam a ser hinos entre a juventude e acreditamos que alguma mensagem positiva ficou retida.

Passo a explicar os motivos que ditaram a nossa triste conclusão citada anteriormente:


Temos visto e sentido de grandes empresas, as mesmas que propagam diariamente em multi-media estarem comprometidas com a cultura, a falta de vontade ou até mesmo um total desinteresse, o que se resume na discriminação de maior parte dos grupos de musica em Moçambique por via de rescusa ou até silêncio em resposta aos constantes pedidos de apoio e patrocinio para a realização de nossos objectivos. Como os senhores se devem ter apercebido a fasquia colocada pelos grandes da nossa música jovem está cada dia mais elevada (facto muito bom, é de louvar o seu trabalho e empenho para o conseguir), falo de grandes produçoes de video clips na ordem de milhares de dólares, capacidade de distribuír gratuitamente seus CD's singles promocionais na ordem de milhares de unidades, total controle e boa remuneração (input para próximos investimentos) nos mais badalados espetáculos a nível nacional e uma capacidade financeira boa para manter uma carreira brilhante tudo isso graças ao tão precioso apoio que algumas (muito poucas por sinal) empresas teem dado para suportar essas carreiras. Por mais afavor que sejamos deste crescimento e pelo simples facto de estarmos ambos inseridos no mesmo mercado musical, acabamos tendo que disputar a atenção do mesmo público o que nos obriga a ter pelo menos o mesmo nível que a concorrencia para que a nossa mensagem chegue ao destino, aí é que começam os problemas.

· Como iremos nós continuar a fazer os nossos video clips com qualidade se os produtores aumentaram os preços ao nível dos "Grandes" (milhares de dólares) pois estes teem quem suporta os pagamentos e já não dependem das nossas migalhas?
· como iremos fazer shows com grandes produções de modo a que consigamos manter o nosso público entretido e continuem a colher os frutos (mensagens) no nosso pomar?
· quando vamos conseguir editar um CD com qualidade?

Resumindo, a pergunta foi "qual estratégia para 2009?", a primeira tentativa foi arranjar patrocínio para chegarmos lá mas de tantas portas fechadas acaba ficando claro que o caminho não é esse. O que nos deixa triste é que está implantado um sistema na música Naional, numa estrutura de corporação que inclui empresas patrocinadoras, produtoras, empresas prestadoras de serviço, programas radiofonicos e televisivos que automaticamente desmoralizam a evolução de outros grupos a margem dos poucos escolhidos, o que nos obriga a ouvir sempre as mesmas músicas, os mesmos artístas( melodias diferentes sim mas a mesma rotina) e mesmos nomes todos os anos!!!!!

Avaliando pela manifestação pública em votações no Music Box, Vício Moz, etc concluímos sem muito esforço que a vontade do público não é a que está expressa na lísta de músicos que lideram o mercado pois encontramos sempre grupos novos a liderarem os tops tal como o caso do grupo Elex que sempre que lança uma música vai automáticamente ao primeiro lugar tendo ficado 3 semanas consecutivas na primeira posiçao no music box apesar de competir com todos grandes da nossa música jovem, e o mais recente caso da Música “continência” do grupo Trio Fam que por informaçoes que tivemos sobre as votações no site da radio 99fm eles lideravam com Mil e tal votos o que constitui 89% e os demais "Grandes" disputavam os restantes 11% numa lista de aproximadamente 10 concorrentes tendo este grupo ficado com os premios nas categorias de Melhor Música e Melhor Hip Hop e sem se esquecer que o mesmo grupo levou o prémio de Melhor Hip Hop ano passado facto inédito nas galas da 99FM, um grupo jamais havia ganho duas categorias e salientar que na plataforma de votação pela internet o sistema não nos permite votar mais que uma vez utilizando o mesmo endereço IP, ou seja do mesmo computador não se pode votar duas vezes no mesmo dia.

Apesar dessa força toda e esse calor que recebemos do público estamos em maus lençois pois ja não vamos conseguir fazer video clips, por exemplo, e está cada vez dificil lançar trabalhos discograficos com o minimo de qualidade desejavel.
A reflexão no fim da nossa reunião foi a de que se não hover uma intervenção externa nós os pequenos corremos o risco de desaparecer pois estamos a ser engolidos. Se a estratégia dos que apoiam os nossos músicos é apoiar a Musica Moçambicana permita-me pedir que seja redefinida a estratégia que não está má no seu todo pois existem alguns concursos para descoberta de novos talentos que ja é uma grande ajuda. o que tinha que se corrigir é só o facto de estarem a impor ao público nomes de músicos. O que consequentemente gera um descontamento geral e sobretudo alas na classe musical. Mais triste e inadmissivel é imaginarmos que quem lidera esse grupo restrito de escolhidos está pondo em pratica, uma estratégia de monopólio, centralização e discriminação. Seria bonito criar um plano no qual os musicos competem entre sí e eles estivessem atentos para dar suporte aqueles que o público gosta e geramos competitividade, rotatividade, surgimento de novos talentos e deixarmos de ouvir sempre a mesma musica!!!!!!

Este foi o nosso posicionamento, conclusão tomada na nossa última assembleia geral e coube-me a mim a missão de vos passar esta informação de modo que não seja nenhuma surpresa a decretação do encerramento da Track Records.

Muito Grato pela atenção

Dj Beat Keepa
Eng. Awado Sabiti